24 de outubro de 2011

A beleza dos brinquedos simples


Vou falar: nunca gostei de brinquedos eletrônicos. E agora, que tenho um afilhado coisa mais querida, estou reforçando esse pensamento. Sinceramente, qual a graça de “brincar” com uma coisa que fica se mexendo sozinha, acendendo luzes, fazendo barulhos escandalosos, enquanto a criança fica ali, estática, só olhando aquele festival acontecendo na sua frente? Um brinquedo com o qual a criança nem interage? Não, obrigada.

Por isso, sempre que vou comprar algum presente pra ele, procuro brinquedos mais simples (talvez por remeterem à minha infância... nostalgia) e que tenham algum sentido mais concreto, que ensinem algo. Mas vou falar, não é muito fácil! A profusão de brinquedos eletrônicos baratos – e de qualidade duvidosa – é enorme, e acaba por seduzir o consumidor (as crianças, e os pais).

É um lindo!


  
Até que hoje deparei-me com a empresa alemã Rasselfisch, especializada em brinquedos e acessórios para crianças. Fiquei encantada com a diversidade e a simplicidade dos produtos! Eles comentam: “Há tantas lojas de produtos para crianças, mas nenhuma tem aquilo que estamos procurando. Nossa filosofia é de que é importante que as crianças sejam cercadas por produtos belos e de alta qualidade”. Além disso, há um lado social. A empresa possui alguns projetos especiais, que são produzidos por artesãos e famílias carentes.

Dentre tantos produtos lindos, vou dar destaque aos feitos de papelão. Afinal, já que dificilmente os brinquedos duram vários anos, que sejam menos prejudiciais ao meio ambiente. Desde cabaninhas, até berços, os produtos se destacam pelo design, bom acabamento e preço acessível. Além disso, são desmontáveis e podem ser personalizados pela criança – ou pelos pais que queiram liberar sua veia artística!




 





Além desses, há um outro produto da Rasselfisch que fez muito sucesso: o i-Wood, um notebook feito de madeira compensada, que na verdade é uma lousa portátil para a criançada desenhar onde quiser! Para ter uma ideia do valor, o i-Wood custa cerca de R$ 80,00.


 Gostaram tanto quanto eu? No site tem muito mais! http://www.rasselfisch.de/home.html

17 de outubro de 2011

Arte e design com papelão

Saia de casa um dia, e conte quantas caixas de papelão você vê jogadas no lixo (ou pior, fora dele). Agora pense: será que é realmente esse o melhor destino para uma matéria-prima que oferece tantas possibilidades?

É por isso que quando vemos o trabalho de um designer como Domingos Tótora sempre ficamos entusiasmados e felizes, com a certeza de que muitos materiais podem ter outro destino.


Tótora é um mineiro que escolheu o papelão como o principal material para um trabalho muito belo, que une arte e design. Todas suas peças, com texturas surpreendentes, são inspiradas na natureza e confeccionadas artesanalmente, em uma oficina onde trabalho e natureza convivem e interagem.


O papelão é picado e transformado em uma "massa", que serve como base para seus objetos, móveis e peças esculturais, que são moldados a mão e secos no sol, trazendo assim o material de volta à vida!




O designer/artista conta que era curioso, e começou a misturar o papelão com outros materiais - como o cimento, para construir novos objetos. E o resultado, como pode-se ver, são peças muito bem acabadas, onde a forma consegue unir o funcional e o belo.






A beleza do trabalho não está só no produto final, mas no próprio processo. Tótora acredita que sustentabilidade é aquilo que se faz, não o que se diz: ela acontece através de ações, e não de palavras.

Quer conhecer mais o trabalho e o processo de produção? Acesse o site http://www.domingostotora.com.br/ e desfrute!

OBS: dica da mãe (e leitora)!

4 de outubro de 2011

Manifesto do conserto

Há algum tempo atrás, surgiu um concurso regional na televisão sobre "o que você faz pelo bem do planeta". Os participantes deveriam enviar um texto (com fotos e videos, se quisessem) falando sobre ações que realizavam para efetivar os populares 3 Rs: Reduzir, Reaproveitar e Reciclar - na ordem em que devem acontecer.

No momento, pensei "caramba, não param nunca com essa decoréba infantil. É três Rs, cinco Rs, quatro Ps, cinco S, sete S, pra tudo que é lado". Mas de fato refleti sobre o que são essas ações e como elas se manifestam no meu dia-a-dia.

Reduzir é equivalente a pensar.
Pensando no que é realmente necessário na hora de consumir, por exemplo, não sobram restos, não há exagero e não fará falta.  A qualquer momento pode-se fazer mais com menos, basta pensar.
Tem coisas que quanto mais usarmos, menos sobra para os outros.
Tem coisas que quanto menos usarmos, mais o povo agradece.
Por isso, acredito que reduzir é resolver essas equações, é pensar - na gente e nas próximas "gentes".

Reciclar é uma coisa que eu não faço e nem consigo fazer sozinho.
A reciclagem é um processo muito grande, do qual somente fazemos parte. Não é a solução mais prática para resolver os problemas do meio ambiente, nem a menos dispendiosa; porém, vale a nossa contribuição separando o lixo - já que, aparentemente, é isso que o sistema de reciclagem nos solicita.

Por fim, talvez a ação mais eficaz e prática: REAPROVEITAR.
Já tem tanta coisa no mundo, o que pode ser reutilizado deveria ser realmente reutilizado!
Reaproveita-se muitas vezes sem perceber, e o resultado pode ser ideal. Por exemplo: pote de sorvete para guardar qualquer coisa que caiba nele, potes de vidro que viajam de casa em casa recebendo compotas, doces, conservas.

Talvez nem todo mundo se considere apto a realizar um "raciocínio projetivo" para reaproveitar qualquer coisa, mas acredito que basta treinar. Improvisos, consertos, resolver pequenas coisas com somente aquilo que há a disposição colaboram muito mais para uma verdadeira conscientização ecológica.

Hoje, fiquei surpreso ao saber da existência do Manifesto do Conserto, através do blog da Ligia Fascioni. Ótima iniciativa do pessoal do escritório Platform 21, da Holanda.
Tradução, com crédito para o blog da Ligia Fascioni:

Manifesto do conserto

1. Faça seus produtos durarem mais!
Consertar significa ter a oportunidade de dar a seu produto uma segunda vida. Não descarte, costure! Não jogue fora, emende! Consertar não é ser anti-consumismo. É evitar que coisas sejam descartadas sem necessidade.

2. Pense em projetar coisas que possam ser consertadas.
Designers de produtos: façam seus produtos consertáveis. Compartilhem informações claras e inteligíveis sobre maneiras de reparar o seu produto. Consumidores: comprem objetos que possam ser consertados ou então reflitam porque eles não existem. Sejam críticos e inquisitivos.

3. Consertar não é substituir.
Substituir é jogar fora a parte quebrada. Esse não é o tipo de reparo que estamos falando aqui.

4. Fazer o produto mais robusto não vai matar você.
Cada vez que consertamos alguma coisa, nós acrescentamos a ela potencial, história, alma e beleza.

5. Consertar é um desafio criativo.
Fazer consertos é bom para a imaginação. Usando novas técnicas, ferramentas e materiais proporcionamos um destino melhor do que o simples fim.

6. Conserto sobrevive à moda.
Consertar não é sobre estilos e tendências. Não existe data de validade para produtos consertáveis.

7. Consertar é descobrir.
Consertar objetos pode fazer você aprender coisas incríveis sobre como eles realmente funcionam. Ou não funcionam.

8. Consertar – mesmo em tempos de fartura!
Se você pensa que esse manifesto é por causa da recessão, esqueça. Isso não é sobre dinheiro, é sobre mentalidade.

9. Coisas consertadas são únicas.

Mesmo se parecerem originais depois de reparadas.

10. Consertar é ser independente.

Não seja escravo da tecnologia – seja seu mestre. Se quebrou, conserte e faça melhor. Se você não é mestre, valorize quem o é.

11. Você pode consertar tudo, mesmo uma sacola plástica.
Mas nós recomendamos sacolas que durem mais e que sejam reparadas quando for necessário.

Pare de reciclar. Comece a consertar.

"Consertado com amor". Fonte: Paltform 21.
Olha aí... Consertou, tá novo (e original)!
 

Download do manifesto original: http://www.platform21.nl/download/4375
Blog Ligia Fascioni: http://www.ligiafascioni.com.br/blog/
Site do Platform 21: http://www.platform21.nl/index.php?lang=en