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4 de outubro de 2011

Manifesto do conserto

Há algum tempo atrás, surgiu um concurso regional na televisão sobre "o que você faz pelo bem do planeta". Os participantes deveriam enviar um texto (com fotos e videos, se quisessem) falando sobre ações que realizavam para efetivar os populares 3 Rs: Reduzir, Reaproveitar e Reciclar - na ordem em que devem acontecer.

No momento, pensei "caramba, não param nunca com essa decoréba infantil. É três Rs, cinco Rs, quatro Ps, cinco S, sete S, pra tudo que é lado". Mas de fato refleti sobre o que são essas ações e como elas se manifestam no meu dia-a-dia.

Reduzir é equivalente a pensar.
Pensando no que é realmente necessário na hora de consumir, por exemplo, não sobram restos, não há exagero e não fará falta.  A qualquer momento pode-se fazer mais com menos, basta pensar.
Tem coisas que quanto mais usarmos, menos sobra para os outros.
Tem coisas que quanto menos usarmos, mais o povo agradece.
Por isso, acredito que reduzir é resolver essas equações, é pensar - na gente e nas próximas "gentes".

Reciclar é uma coisa que eu não faço e nem consigo fazer sozinho.
A reciclagem é um processo muito grande, do qual somente fazemos parte. Não é a solução mais prática para resolver os problemas do meio ambiente, nem a menos dispendiosa; porém, vale a nossa contribuição separando o lixo - já que, aparentemente, é isso que o sistema de reciclagem nos solicita.

Por fim, talvez a ação mais eficaz e prática: REAPROVEITAR.
Já tem tanta coisa no mundo, o que pode ser reutilizado deveria ser realmente reutilizado!
Reaproveita-se muitas vezes sem perceber, e o resultado pode ser ideal. Por exemplo: pote de sorvete para guardar qualquer coisa que caiba nele, potes de vidro que viajam de casa em casa recebendo compotas, doces, conservas.

Talvez nem todo mundo se considere apto a realizar um "raciocínio projetivo" para reaproveitar qualquer coisa, mas acredito que basta treinar. Improvisos, consertos, resolver pequenas coisas com somente aquilo que há a disposição colaboram muito mais para uma verdadeira conscientização ecológica.

Hoje, fiquei surpreso ao saber da existência do Manifesto do Conserto, através do blog da Ligia Fascioni. Ótima iniciativa do pessoal do escritório Platform 21, da Holanda.
Tradução, com crédito para o blog da Ligia Fascioni:

Manifesto do conserto

1. Faça seus produtos durarem mais!
Consertar significa ter a oportunidade de dar a seu produto uma segunda vida. Não descarte, costure! Não jogue fora, emende! Consertar não é ser anti-consumismo. É evitar que coisas sejam descartadas sem necessidade.

2. Pense em projetar coisas que possam ser consertadas.
Designers de produtos: façam seus produtos consertáveis. Compartilhem informações claras e inteligíveis sobre maneiras de reparar o seu produto. Consumidores: comprem objetos que possam ser consertados ou então reflitam porque eles não existem. Sejam críticos e inquisitivos.

3. Consertar não é substituir.
Substituir é jogar fora a parte quebrada. Esse não é o tipo de reparo que estamos falando aqui.

4. Fazer o produto mais robusto não vai matar você.
Cada vez que consertamos alguma coisa, nós acrescentamos a ela potencial, história, alma e beleza.

5. Consertar é um desafio criativo.
Fazer consertos é bom para a imaginação. Usando novas técnicas, ferramentas e materiais proporcionamos um destino melhor do que o simples fim.

6. Conserto sobrevive à moda.
Consertar não é sobre estilos e tendências. Não existe data de validade para produtos consertáveis.

7. Consertar é descobrir.
Consertar objetos pode fazer você aprender coisas incríveis sobre como eles realmente funcionam. Ou não funcionam.

8. Consertar – mesmo em tempos de fartura!
Se você pensa que esse manifesto é por causa da recessão, esqueça. Isso não é sobre dinheiro, é sobre mentalidade.

9. Coisas consertadas são únicas.

Mesmo se parecerem originais depois de reparadas.

10. Consertar é ser independente.

Não seja escravo da tecnologia – seja seu mestre. Se quebrou, conserte e faça melhor. Se você não é mestre, valorize quem o é.

11. Você pode consertar tudo, mesmo uma sacola plástica.
Mas nós recomendamos sacolas que durem mais e que sejam reparadas quando for necessário.

Pare de reciclar. Comece a consertar.

"Consertado com amor". Fonte: Paltform 21.
Olha aí... Consertou, tá novo (e original)!
 

Download do manifesto original: http://www.platform21.nl/download/4375
Blog Ligia Fascioni: http://www.ligiafascioni.com.br/blog/
Site do Platform 21: http://www.platform21.nl/index.php?lang=en

19 de julho de 2011

E falando em reciclagem...

No post anterior, mostramos algumas diferenças entre reutilização e reciclagem. E agora queremos falar de um projeto de reciclagem muito legal, o "Trash Me" do designer americano Victor Vetterlein. Tendo como conceito o termo "transitório", Victor desenvolveu uma série de luminárias que considerou efêmeras - seu tempo de vida é relativamente curto, e elas podem ser transformadas continuamente em novos produtos.


Elas são feitas a partir de polpa de papel (semelhante a papel machê) que é colocado em um molde. Após a secagem, insere-se a fiação elétrica e as peças são unidas.



 Victor explica que o nome Trash Me quer dizer: "Por favor, recicle-me quando eu não for mais útil ou desejado". As luminárias podem ser facilmente desmontadas, e suas peças podem ser reutilizadas ou recicladas. Assim, o que por alguns é considerado "lixo", é recriado na forma de um novo produto.


O designer acredita que os melhores projetos são um subproduto da colaboração mútua de um grupo ou de indivíduos que se unem e trabalham coletivamente em direção a um objetivo em comum. E a Pimenta Bis concorda com esse pensamento, e considera este projeto um exemplo de união bem executada entre design e reciclagem.

Mais informações no site www.victorvetterlein.com.

2 de julho de 2011

Iniciando com o pé direito!

Já faz um tempo que este blog foi criado. Porém, com as andanças da vida, trabalho final de graduação e muitas coisas mais, ele ficou escondidinho no fundo da gaveta, esperando a hora certa de aparecer - e aparecer com tudo! Mas agora que estamos aqui, prometemos que ele não vai mais ser abandonado. E aos poucos, vamos contando toda a história da Pimenta Bis, e o que ela quer ser quando crescer.
A filosofia que repetimos como mantra é uma frase citada constantemente pela minha avó (e com certeza, pela avó de muitos de vocês): "Não põe fora, vai que sirva pra outra coisa!". Pois é. E acabamos levando isso tão a sério, que agora nossa empresa (ainda em construção) vai voltar seu trabalho à reutilização de resíduos.
Resumindo os acontecimentos em poucas frases, para contextualizar - prometemos que em outros post contamos tudo em detalhes - nossa ideia de empresa foi premiada no N Design (Encontro Nacional de Estudantes de Design) do ano de 2010, em Curitiba. Este prêmio rendeu uma grana, e assessoria para o desenvolvimento do plano de negócios. E com esse dinheiro, sabe o que a gente fez? Não, não pedimos tudo em bala e chiclete no barzinho. A gente investiu em um curso sobre Ecodesign, na Escola Perestroika, com niguém mais ninguém menos que Christian Ullmann! Sim, ele, o cara, o especialista em design para sustentabilidade!

Colega Vinícius Souza, Christian e eu: foto na sala da Perestroika, 
com iluminação dramática.
 
O curso foi de quatro noites, e afirmamos: o investimento valeu a pena. Nada melhor do que ter como exemplo a referência brasileira neste assunto, que já trabalha com ecodesign há mais ou menos quinze anos.
A cabeça começou a fervilhar de ideias, e se a Pimenta Bis já era pensamento recorrente e cotidiano, este curso contribuiu para que a gente pense nela quase 24 horas por dia!
Como não acreditamos que as informações devem ser guardadas e protegidas dentro de um cofre, vamos compartilhar vários ensinamentos do curso - afinal, dividir conhecimento é somar. Vai ser complicado escrever tudo o que foi falado em quatro aulas, então, de início, vamos citar alguns pontos que ao nosso ver, devem ser espalhados.
  • O conceito de sustentabilidade ainda é "falso"; ou seja, nenhuma empresa ou projeto que se diz completamente sustentável de fato é. (Comentamos que o projeto que mais se aproxima da ideia sistêmica de sustentabilidade é The Idea of a Tree).


    • O desenho industrial pode ser visto como uma profissão daninha. Se aplicado de forma errônea, desperdiça recursos naturais desenvolvendo produtos que irão durar pouco, e degradar a natureza.
    • Sustentabilidade pode ser definida como: um novo modo de pensar, projetar, produzir, comercializar, usar e de reciclar, reduzindo ao máximo a utilização de matéria prima, de energia e melhorando a qualidade de vida.
    • Precisamos nos esforçar para conciliar pólos aparentemente irreconciliáveis: capitalismo, ecologia e responsabilidade social.
    • Ninguém está preparado para mudar, sair da zona de conforto, se isolar e parar de consumir. Para que mudanças drásticas aconteçam, é necessário um grande choque (como as tragédias do Japão).
    • Quero água, não quero garrafa plástica! Como podemos interferir neste cenário, propondo novas maneiras de pensar e fazer o consumo?
    • Um dado chocante e espantoso: 95% dos designers trabalham para 10% da população mundial. Ou seja, apenas 5% dos designers preocupam-se com as minorias e com os problemas enfrentados pelas classes mais baixas. Um dos exemplos de projeto para as minorias é o Design for the Other 90, que busca soluções de moradia, saúde, energia e educação para comunidades carentes.
    Q Drum, contâiner durável projetado para rolar facilmente, carregando água.



    •  Precisamos estar atentos para enxergarmos os problemas que existem em todos os lugares, buscando possibilidades e soluções e pensando em novas situações de uso de um produto.
    • O que o desenho industrial pode fazer pelo país? Valorizar as raízes, a cultura e diversidade popular e o produto artesanal, desenvolvendo produtos genuinamente brasileiros.
    • Nada se cria, tudo se copia. É, sabemos que não é bem assim que as coisas funcionam. Mas buscar referências do passado, de produtos que funcionavam bem para seu propósito, e os "contemporaneizar" é uma prática que vem aumentando entre os projetistas - e o resultado pode ser muito bom (exemplificando de forma simples: nossos avós utilizavam sacolas de pano para ir ao mercado. E agora estão na moda as... ecobags! Mudou o nome e a "cara", mas a função é a mesma). Não quer dizer que precisamos voltar para o passado. Mas, resgatar alguns hábitos benéficos pode representar uma bela evolução.
    • Parece que a ideia do ecodesign está se "estendendo para os lados" ao invés de seguir em frente. Atingimos determinado ponto e estamos expandido com ideias e projetos com conceitos muito parecidos. Precisamos passar deste nível, e pensar na sustentabilidade de forma ampla!
    • E, para finalizar: "Não é mais possível conceber qualquer atividade de design sem considerar o conjunto de relações que, durante seu ciclo de vida, o produto ou processo terá com o meio ambiente e a sociedade".
      
    Vamos parar por aqui, por enquanto! As aulas e ensinamentos de Ullmann ainda vão render muito pano pra manga... Aos poucos a gente vai mostrar e comentar outros projetos e ações que merecem ser divulgadas. E aí, apimentou?