21 de julho de 2011

Malas prontas!

Começa neste domingo o 21° encontro nacional de estudantes de design, o N Design. Este ano ele acontecerá no Rio de Janeiro, e nossa presença já está confirmada! Portanto, não estranhem a ausência de novos posts durante a próxima semana!
O evento é realizado anualmente, organizado por um grupo de estudantes que forma a CoNDE - Comissão Organizadora do N Design. É o maior evento de design do país!



O N Design sempre conta com a participação de convidados, professores e profissionais de diversas áreas relacionadas ao design, incluindo atividades como mesa redonda, oficinas, debates, apresentação de trabalhos e diversas outras maluquices peculiares de cada evento. O melhor de tudo isso, e pelo que vale a participação, é que pode se esperar de tudo de um evento desses.

Nunca se sabe o que pode encontrar e, as vezes, surge uma grande oportunidade ou um empurrãozinho amigo para colocar em prática os nossos grandes sonhos, como aconteceu conosco no ano passado em Curitiba. Para isso, destacamos que é indispensável envolver-se, fazer acontecer.

Com essas e outras expectativas de um evento melhor a cada ano, partiremos amanhã de Porto Alegre, juntamente com a delegação do curso de Design da UFRGS, e pretendemos voltar com muitas novidades, novas ideias, fotografias, livros e com tudo mais que aproveitarmos por lá! Como bons estudantes (e sem dinheiro), faremos a viagem de ônibus, e ficaremos no alojamento do evento, na barraquinha guerreira emprestada do amigo.

Quem estiver por lá, está convidado para assistir o seminário da Mari, "A reutilização de resíduos como base para o desenvolvimento de produtos", que será na quinta-feira, dia 28, às 14h30; e participar da oficina minha e do colega Luciano R. M. Ribeiro, "Atochando a modelagem" na quarta-feira, dia 27, que espero que seja construtiva e divertida para os oficineiros.

E se o Pão de Açúcar for muito doce, a gente dá uma apimentada!
Mais informações sobre o N Design: http://ndesign.org.br/2011/

19 de julho de 2011

E falando em reciclagem...

No post anterior, mostramos algumas diferenças entre reutilização e reciclagem. E agora queremos falar de um projeto de reciclagem muito legal, o "Trash Me" do designer americano Victor Vetterlein. Tendo como conceito o termo "transitório", Victor desenvolveu uma série de luminárias que considerou efêmeras - seu tempo de vida é relativamente curto, e elas podem ser transformadas continuamente em novos produtos.


Elas são feitas a partir de polpa de papel (semelhante a papel machê) que é colocado em um molde. Após a secagem, insere-se a fiação elétrica e as peças são unidas.



 Victor explica que o nome Trash Me quer dizer: "Por favor, recicle-me quando eu não for mais útil ou desejado". As luminárias podem ser facilmente desmontadas, e suas peças podem ser reutilizadas ou recicladas. Assim, o que por alguns é considerado "lixo", é recriado na forma de um novo produto.


O designer acredita que os melhores projetos são um subproduto da colaboração mútua de um grupo ou de indivíduos que se unem e trabalham coletivamente em direção a um objetivo em comum. E a Pimenta Bis concorda com esse pensamento, e considera este projeto um exemplo de união bem executada entre design e reciclagem.

Mais informações no site www.victorvetterlein.com.

9 de julho de 2011

Reutilização ou reciclagem?

Nosso blog recém estreou, e já vamos lançar a polêmica: você sabe a diferença entre reutilização e reciclagem? Sabemos que o ecodesign está em alta, que muitos consumidores passaram a avaliar o impacto ecológico daquilo que utilizam, que não faltam projetos e iniciativas estimulando a consciência ambiental. Mas será que todo esse pessoal tem certeza do que está falando? Apesar de muitas vezes serem usados como sinônimos, existem diferenças relevantes entre o que é reutilização e o que é reciclagem.
Vamos aos fatos. O seguinte parágrafo foi retirado do site do Jornal Hoje, de uma matéria que falava sobre a decoração de Natal feita de garrafas PET: "O dia nas escolas de Gramado começa com a campanha de recolhimento de garrafas plásticas [...] As garrafas recolhidas pela comunidade vão parar em um galpão, onde é feita a decoração de Natal. [...] Agora, milhares de garrafa de plástico são a matéria-prima básica do Natal Luz de Gramado. Mais de 100 pessoas trabalham na reciclagem. Primeiro elas são limpas e cortadas, no fogo ganham formas diferentes e depois são pintadas uma a uma".
Será que esse é, de fato, um exemplo sobre reciclagem? Ao nosso ver, a situação descrita é um típico episódio de reutilização. A imagem abaixo demonstra um mesmo material (garrafa plástica) sendo utilizada para reciclagem, e para reutilização:




No caso da reutilização, a garrafa foi utilizada sem que seu estado original tivesse sido alterado. Ou seja, não houve nenhum tipo de reprocessamento (apenas o corte). A reutilização é a forma mais "ecológica" de reaproveitarmos um resíduo. Afinal, só depende da criatividade e capacidade inventiva, para dar novas formas de uso ao produto.
Já a reciclagem envolve gasto energético; é a reintegração dos produtos, já utilizados, no processo produtivo, de forma a obter o mesmo ou outros produtos baseados no mesmo material. Ou seja: a parte útil do resíduo é recuperada e reintroduzida em algum ciclo de produção, e ele volta a atuar como matéria prima - o caso da camiseta da Seleção, feita de fios de PET.

Apimentamos a discussão ou facilitamos o entendimento?


2 de julho de 2011

Iniciando com o pé direito!

Já faz um tempo que este blog foi criado. Porém, com as andanças da vida, trabalho final de graduação e muitas coisas mais, ele ficou escondidinho no fundo da gaveta, esperando a hora certa de aparecer - e aparecer com tudo! Mas agora que estamos aqui, prometemos que ele não vai mais ser abandonado. E aos poucos, vamos contando toda a história da Pimenta Bis, e o que ela quer ser quando crescer.
A filosofia que repetimos como mantra é uma frase citada constantemente pela minha avó (e com certeza, pela avó de muitos de vocês): "Não põe fora, vai que sirva pra outra coisa!". Pois é. E acabamos levando isso tão a sério, que agora nossa empresa (ainda em construção) vai voltar seu trabalho à reutilização de resíduos.
Resumindo os acontecimentos em poucas frases, para contextualizar - prometemos que em outros post contamos tudo em detalhes - nossa ideia de empresa foi premiada no N Design (Encontro Nacional de Estudantes de Design) do ano de 2010, em Curitiba. Este prêmio rendeu uma grana, e assessoria para o desenvolvimento do plano de negócios. E com esse dinheiro, sabe o que a gente fez? Não, não pedimos tudo em bala e chiclete no barzinho. A gente investiu em um curso sobre Ecodesign, na Escola Perestroika, com niguém mais ninguém menos que Christian Ullmann! Sim, ele, o cara, o especialista em design para sustentabilidade!

Colega Vinícius Souza, Christian e eu: foto na sala da Perestroika, 
com iluminação dramática.
 
O curso foi de quatro noites, e afirmamos: o investimento valeu a pena. Nada melhor do que ter como exemplo a referência brasileira neste assunto, que já trabalha com ecodesign há mais ou menos quinze anos.
A cabeça começou a fervilhar de ideias, e se a Pimenta Bis já era pensamento recorrente e cotidiano, este curso contribuiu para que a gente pense nela quase 24 horas por dia!
Como não acreditamos que as informações devem ser guardadas e protegidas dentro de um cofre, vamos compartilhar vários ensinamentos do curso - afinal, dividir conhecimento é somar. Vai ser complicado escrever tudo o que foi falado em quatro aulas, então, de início, vamos citar alguns pontos que ao nosso ver, devem ser espalhados.
  • O conceito de sustentabilidade ainda é "falso"; ou seja, nenhuma empresa ou projeto que se diz completamente sustentável de fato é. (Comentamos que o projeto que mais se aproxima da ideia sistêmica de sustentabilidade é The Idea of a Tree).


    • O desenho industrial pode ser visto como uma profissão daninha. Se aplicado de forma errônea, desperdiça recursos naturais desenvolvendo produtos que irão durar pouco, e degradar a natureza.
    • Sustentabilidade pode ser definida como: um novo modo de pensar, projetar, produzir, comercializar, usar e de reciclar, reduzindo ao máximo a utilização de matéria prima, de energia e melhorando a qualidade de vida.
    • Precisamos nos esforçar para conciliar pólos aparentemente irreconciliáveis: capitalismo, ecologia e responsabilidade social.
    • Ninguém está preparado para mudar, sair da zona de conforto, se isolar e parar de consumir. Para que mudanças drásticas aconteçam, é necessário um grande choque (como as tragédias do Japão).
    • Quero água, não quero garrafa plástica! Como podemos interferir neste cenário, propondo novas maneiras de pensar e fazer o consumo?
    • Um dado chocante e espantoso: 95% dos designers trabalham para 10% da população mundial. Ou seja, apenas 5% dos designers preocupam-se com as minorias e com os problemas enfrentados pelas classes mais baixas. Um dos exemplos de projeto para as minorias é o Design for the Other 90, que busca soluções de moradia, saúde, energia e educação para comunidades carentes.
    Q Drum, contâiner durável projetado para rolar facilmente, carregando água.



    •  Precisamos estar atentos para enxergarmos os problemas que existem em todos os lugares, buscando possibilidades e soluções e pensando em novas situações de uso de um produto.
    • O que o desenho industrial pode fazer pelo país? Valorizar as raízes, a cultura e diversidade popular e o produto artesanal, desenvolvendo produtos genuinamente brasileiros.
    • Nada se cria, tudo se copia. É, sabemos que não é bem assim que as coisas funcionam. Mas buscar referências do passado, de produtos que funcionavam bem para seu propósito, e os "contemporaneizar" é uma prática que vem aumentando entre os projetistas - e o resultado pode ser muito bom (exemplificando de forma simples: nossos avós utilizavam sacolas de pano para ir ao mercado. E agora estão na moda as... ecobags! Mudou o nome e a "cara", mas a função é a mesma). Não quer dizer que precisamos voltar para o passado. Mas, resgatar alguns hábitos benéficos pode representar uma bela evolução.
    • Parece que a ideia do ecodesign está se "estendendo para os lados" ao invés de seguir em frente. Atingimos determinado ponto e estamos expandido com ideias e projetos com conceitos muito parecidos. Precisamos passar deste nível, e pensar na sustentabilidade de forma ampla!
    • E, para finalizar: "Não é mais possível conceber qualquer atividade de design sem considerar o conjunto de relações que, durante seu ciclo de vida, o produto ou processo terá com o meio ambiente e a sociedade".
      
    Vamos parar por aqui, por enquanto! As aulas e ensinamentos de Ullmann ainda vão render muito pano pra manga... Aos poucos a gente vai mostrar e comentar outros projetos e ações que merecem ser divulgadas. E aí, apimentou?